4.
ERAM VISÍVEIS OS sinais de prostração no rosto de Alicia. Mas não que fosse como se estivesse trabalhando no pior de seus casos. Não era isso. Aquilo não era pior que o caso dos pais que haviam matado o próprio filho e o enterrado no quintal de casa — ela agora se lembrava da cena: o corpinho miúdo do garoto surgindo de baixo daquela terra fofa que os peritos iam cavando, revelando a cova, revelando os fatos que poucos queriam admitir. Não, não era esse o ponto. A história que mais profundamente chocara a sargento, com seus desdobramentos e desfecho macabros, continuava sendo a protagonizada pelo casal Bryant, disso não restava dúvida. Porém, a visão daquela jovem encontrada no meio da rua naquele estado, executada em circunstâncias estranhas de que a polícia tinha apenas um confuso conhecimento até agora, somada à coincidência não menos incômoda de que provavelmente fosse brasileira (tal como era a mãe de Alicia), decerto tentando construir a vida como imigrante nos Estados Unidos (tal como fizera a mãe de Alicia), tudo isso vinha dando ao caso uma tonalidade mais intensa do que os outros com que a Sarg. Det. Santos já havia trabalhado desde que assumira seu esquadrão na Unidade de Homicídios. De fato, se enquanto anônima a garota já era uma imagem marcante em seus pensamentos, pior agora que ela tinha um nome. Continuar lendo “SANGUE LATINO (2015): “Parte I, Capítulo 4””